Como eu gosto de observar…Até acho que esta é uma característica minha que posso considerar vantajosa, porque preciso de pouco tempo para avaliar uma situação, uma pessoa, uma atitude e isso em alguns casos é bom.
Como quando não sabemos o que se passa com alguém que nos é querido e inconscientemente ajudamos essa pessoa a sair daquele estado de tristeza, marasmo ou até depressão.É aí que a nossa sensibilidade fala mais alto e contribuímos para o bem-estar de alguém, muitas vezes sem querer, mas quem no fim das contas sai a ganhar somos nós.
Pois, ganhamos uma nova percepção da realidade, um novo despertar para determinada situação que até aquele momento desconhecíamos e por fim, acabamos por crescer como ser humano.
Muitas vezes durante a minha semana Instax, tento registar algo que simbolize coisas que me marcaram. E estas não foram diferentes, por isso quero descrever um pouco os acontecimentos para que tudo fique interligado.
Normalmente, durante a semana, tiro um dia para ir tomar um café com uma amiga e nesse dia, estivemos a conversar bastante e a partilhar o que se tinha passado no fim de semana porque não tivemos oportunidade de conversar antes, daí esta foi uma oportunidade de botar o papo em dia. Mas, o mais interessante foi ao voltar para casa, que neste dia aconteceu 1 hora mais cedo do que o habitual, no caminho de volta para casa, estava há poucos metros de um cruzamento e lembrei de uma música do tempo em que morava no Brasil e participava dos grupos de jovens da igreja, então enquanto conduzia comecei a cantar, porque faz um bem enorme e porque já não me lembrava daquela música há muito tempo e recordar fez-me bem.
Mal cheguei ao tal cruzamento, percebi o porquê aquilo tinha acontecido comigo. Apercebi-me do livramento que Deus tinha me dado, pois tinha havido um acidente minutos antes e eu pensei que o Pai do céu tinha cuidado de mim sempre, sem nunca me abandonar em instante algum. Por isso, agradeci e segui para casa, com o coração cheio de amor e com uma fé inabalável.
Nos dias seguintes, percebi que os dias ficaram melhores, sempre com sol para aproveitarmos mais dos dias sem o aborrecimento típicos dos dias chuvosos e cinzentos. E a propósito disso, tenho que confessar que amo o outono, nomeadamente por causa do cair das folhas, porque para mim as folhas no chão, simbolizam mudanças, cedência, concessão, entendem?
Por exemplo, uma árvore passa pelas estações do ano sem morrer, mas sofre mudanças em todas elas.
No verão, enche-se de folhas e frutos que com o tempo devem ser colhidos para alimentar outros; No outono a árvore que produziu tudo para dar, agora precisa abrir mão de tudo, então precisa largar as suas folhas para poder sobreviver durante o inverno, pois se folhas tivesse morreria. Por isso nós também devemos viver o outono como as árvores, largando os excessos da nossa vida, dando mais de nós sem que para isso tenhamos que ter algo em troca, afinal este ainda não é o momento. No inverno, é preciso desnudar-se e trabalhar muito internamente para se manter viva, por isso algumas possuem espinhos que caem na primavera para dar lugar as flores. E assim nós também devemos sentir as mudanças, lutando durante os momentos mais difíceis, sem perder a esperança que em breve tudo irá mudar e poderemos ver brotar as flores onde antes só conseguíamos sentir os espinhos.
Por isso, nem sempre tudo é linear a nossa vida, nem tinha que ser de todo. As regras devem ajudar-nos a viver, mas não podem condicionar esta vivência, porque não sabemos o que nos espera, mesmo que tenhamos coisas marcadas, tudo pode ser o mais imprevisível possível e só tem graça sendo assim mesmo.
E para terminar o meu relato da semana, posso dizer que fechei a noite de sábado com uma imagem linda, que infelizmente não pude registrar porque fui apanhada de surpresa, mas que ficou marcada no meu coração de tanto amor que eu vi naquela cena.
Estava a sair do MarShopping e vi sair do elevador um casal em cadeiras de rodas ambos, a dela era manual e a dele era elétrica, saíram lado a lado, depois ela passou para trás dele e agarrou nas costas para ser puxada pela cadeira dele, que facilmente se deslocava como um carro. Vi-os a sair porta a fora.
Fomos para o carro e deixamos de os ver, ok. Quando íamos em direção à casa, na lateral do IKEA, vimos o casal junto, lado a lado, na pista, encostados ao meio-fio, ele a protegê-la do lado de fora e ela do lado de dentro, de mão agarradas para serem ambos impulsionados rumo à sua casa que não deveria ser muito longe dali.
Aquela cena renovou em mim a minha tão grande fé no amor, num amor supremo que doa mais do que recebe e dá tudo de si sem esperar recompensa, que oferece as suas folhas a quem mais ama para poder continuar a crescer.
Porque o amor quando partilhado torna-se multiplicado de boas ações que acabam por ser transmitidas em cadeia por todos aqueles que se deixam tocar por esse dom, que cedem, que mudam e que por fim se entregam sem reservas.
Afinal, ser tão observadora tem sem dúvida grandes vantagens, principalmente de enriquecimento espiritual, porque o tanto de amor que vivi toda essa semana, inundou-me de tal maneira que não consegui deixar de agradecer à Deus por tudo, nem poderia deixar de partilhar convosco.
Um beijinho para as minhas Babies lindas do coração, e obrigada por lerem esse texto longo, mas quis partilhar esses momentos diferentes, porém com algumas lições que podemos levar sempre conosco, para o resto das nossas vidas.
Clênia Daniel.
P.S.: Nas fotos Instax, tem uma imagem com um casal jovem namorando e um casal de velhinhos juntos também. Na outra sou eu com a minha gata, porque ela também faz parte da minha família.
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