11.3.14

|10ª semana Instax| Recomeçar



Comecei a semana tão rica e terminei tão pobre, aprendi tanto, chorei tanto e sorri tanto, sem esquecer que a graça de viver está em amar hoje, sem esperar o amanhã. 
Da minha riqueza, falo pelo lado emocional, nunca falo de notas ou do que o dinheiro pode pagar, porque estas questões são tão inconstantes que não condiciono a minha vida a isso, simplesmente vivo um dia de cada vez sem contar com o futuro ou a fazer demasiados planos. Comecei a semana rica porque estava na companhia das minhas pessoas, o meu marido e a minha gata, e nós sabíamos que juntos estávamos bem, em paz e tudo sempre esteve completo assim, foi assim durante 4 anos.

Falar desses anos é como recordar dias de festas, embora ela não fosse uma "pessoa" de festinhas, tinha brincadeiras próprias, brincava apenas com o fio do saco do lixo, nunca gostou de outro tipo de brinquedo. A sua diversão era ir ao quintal cheirar a relva, ouvir os pássaros, dormir ao sol e bagunçar os tapetes. A sua calma ensinou-me a ser calma, a abrandar o passo, a respirar antes de explodir. Ela ensinou-me a apreciar a simplicidade dos dias e vivê-los um de cada vez.

Antes de adotá-la, era triste, chorava todos os dias, precisava de companhia e ela soube ser companhia, filha, pessoa, adulta e animal de estimação, mais do que eu soube ser dona, mãe e amiga. Depois dela, senti vontade de ser mãe, aprendi a cuidar de "alguém", a alimentar, a ter cuidados com os horários, a ter uma rotina e a gostar dela, aprendi sobre algumas doenças e todas as vezes que ela desabava, lá íamos nós com ela.

Mas, assim como ela veio ensinar-nos como amar um ser e cuidar dele, antes desta semana terminar ficamos realmente mais pobres. Às vezes, vejo-a a passar pela casa a correr, porque tinha ido fazer alguma asneira, ouço como se fosse ela a movimentar-se na sua rotina. Olho para trás antes de dar um passo, no tapete da cozinha à beira do fogão, porque ainda tenho o reflexo de não lhe pisar o rabo. Olho tantas vezes para o aquecedor, onde ela sentava para aquecer-se ou para a porta de vidro, onde ela sentava no tapete em formato de coração e observava tudo o que se passava no jardim.



O nosso amor por ela nunca passará, eu sei disso, mas nunca esqueceremos que o seu amor por nós foi imensamente maior, pois viveu por nós mais do que a sua saúde permitiu e partiu num dia de sol, quentinho como ela gostava, só para que lembremos dela como um raio de sol que é luz, alimenta a alma e aquece o corpo como um abraço carinhoso e cheio de amor.

E por isso, recomeçar não é fácil, mas se faz necessário. Então, que recomecemos a celebrar a vida que nasce todos os dias à olhos vistos, as melhoras das pessoas que amamos, o desabrochar das flores lá fora e o nascer do sol porque o tempo não pára e depois que aprendi tudo isso, não posso ser quem eu era, mudei tanto que é impossível. Obrigada meu amor!

Com carinho,

Clênia Daniel.

2 comentários:

  1. Palavras tão lindas amiga, mas é isso mesmo, recomeçar e aprender a viver com a ausência de quem partiu. Um dia de cada vez!
    Gostei muito do teu post amiga, muito mesmo!
    Beijinhos*

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  2. As tuas palavras fizeram-me chorar, é exactamente o reflexo do que sinto com a partida da minha bicnhinha. Já lá vão quase 4 meses e continuo à espera de a ver entrar porta dentro e deitar-se ali no cantinho dela ou andar atrás de mim para tudo quanto é lado. Todos os dias sinto um aperto enorme e uma saudade dela inexplicável, que falta que ela me faz, meu Deus!
    As vezes é difícil recomeçar, mas sempre que me sinto pior lembro-me do quanto fui feliz com ela e da certeza que tenho de que ela também foi muito feliz comigo. Faria tudo de novo, entraria de novo naquele contentor do lixo para a salvar, acordaria de novo de 2 em 2 horas para lhe dar biberom, teria todo o trabalho que tive e ainda mais algum, pois valeu tanto a pena, aprendi imenso com ela!
    Bjs*

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