O meu papel neste mundo...


De uns dias para cá tenho pensado muito em como foi a minha vida desde pequena até os dias atuais, porque eu lembro que enquanto criança era muito ativa, corria, pulava, brincava muito, pedalava com meus amigos e comia bastante também, mas era normal, nem magra, nem gorda.
Durante a minha adolescência eu praticava natação, patinação e pedalava muito também. Lembro que morava em uma ponta do bairro e o clube onde praticava natação ficava na outra ponta oposta e que eu tinha que atravessar todo o bairro de bicicleta para ir nadar, então ia, passava na casa das minha amigas e nós iamos juntas para a aula. Chegávamos lá, ainda corríamos para aquecer e alongávamos para podermos entrar na piscina, aprendi muito, ganhei duas medalhas em competições que participei, pois um dos meus professores de natação era maratonista e triatleta, logo estimulava-nos a competir e como eu adorava aquilo pratiquei esse desporto por dois anos. Mas depois, as minhas amigas mudaram de casa e foram morar em outro bairro e eu desisti do esporte....isso tudo para dizer que eu continuava a comer bastante, até porque em minha casa tínhamos uma padaria e eu chegava em casa do treino, preparava um grande copo de liquidificador cheio de vitamina de banana e comia com coxinha de galinha. Lembro mesmo de muitas vezes comer tanto que nem conseguia andar.... =x
Tantos maus hábitos que trouxe comigo como bagagem, pois é engraçado como a minha mãe nunca me disse exatamente o que eu deveria comer, como eu poderia comer ou não, bem verdade é que até chegar aqui em Portugal, com vinte e cinco anos eu pesava exatamente 56 quilos. Então, posso concluir que até aquele momento a comida nunca funcionou para mim como um escape. Eu comia normal, nunca tive carro, então caminhava bastante, pedalava, andava de ônibus e era feliz com a vida que levava.
Ao refletir sobre tudo isso, vejo que aprender a lidar comigo sozinha foi a coisa mais difícil que já fiz, porque antes vivia rodeada de familiares e amigos, depois ao vir para cá "perdi" todo esse suporte emocional e acredito que tentei compensar isso com a comida, passei a não me mexer tanto, ficava sempre em casa todo o dia, o dia todo, sem nada para fazer...por isso e por toda a ausência da minha família, eu desequilibrei todo o meu organismo e que triste eu me tornei. 
O que parece muitas vezes é que desaprendi a viver, já não sabia como agir e essa coisa de que a comida daqui é muito boa e bem servida, pronto! Já viu, eu achava que era falta de educação deixar comida no prato e com os cinco anos que passaram por mim, chego a conclusão de que eu não soube enxergar o que sempre esteve diante dos meus olhos, que eu mudei para pior, deixei que o ambiente condicionasse a minha maneira de ser, mudei meus hábitos saudáveis, afoguei minhas frustrações na comida e hoje em modo "restart" tento recuperar esse tempo.
Voltei a praticar atividade física, tenho controlado a minha mente com relação a minha ansiedade por comida, todos os dias tenho aprendido a viver com a solidão, sem olhar para "ela" como algo mau, tem sido simplesmente um momento no qual eu aproveito para fazer algumas coisas importantes, como estudar, ler e refletir, sem precisar ficar triste ou desesperada por não ter com quem conversar ou partilhar (uso o blog também como válvula de escape), principalmente quando estou mais sensível.

Toda esta aprendizagem não acaba por aqui, perdura no tempo e trás consigo coisas boas e más também, tudo o que tenho feito e que vejo bons resultados, permanecem na minha vida, já as coisas más tem servido de ensinamento e não olho para nada disso com tristeza, tento manter-me consciente de que devo sempre digerir da melhor forma essas experiências, sem dramatizar demasiado ou dar mais importância do que as circunstâncias realmente têm. É só uma questão de perspectiva, sem criar uma enorme expectativa em torno dos sucessivos acontecimentos da minha vida e isso eu só tenho conseguido perceber agora, aos trinta anos.
Se alguém me disser que aprendi tarde demais, posso admitir que sim, talvez tenha razão, mas acredito que cada um tem a oportunidade de trilhar o caminho que escolhe e o faz da forma que sabe, por isso o meu caminho nunca será o que outra pessoa viverá e a forma como eu passei por ele jamais será igual a que outrem passará. Por isso, tentarei sempre dar o meu melhor em tudo para que nunca precise me arrepender de nada, eu só quero voltar a ser feliz como era antes ou até mais, quem sabe. Porque é para isso que cá estamos neste mundo, para sermos realmente felizes e para fazermos felizes todos aqueles que estão a nossa volta, e eu quero fazer a minha parte por isso espero que vocês também o façam.

Mil beijos!!!

2 comentários:

Nika Siqueira disse...

Amiga, tudo o que vc falou nesse post eu sinto o mesmo e me espelho um pouco em você... Não sei o porque que deixamos a nossa vida ficar deixe jeito, ou se calhar foi o tal.. "deixa levar..." Eu sinto que aqui onde moramos nossa vida parou, é como se estivessemos presas num lugar, estamos ao lado dos nossos amores mas também nos falta muita coisa... falta-nos aquela agitação, aquela força de vontade, aquele ânimo (que pelo menos eu tinha bastante quando morava no Brasil... Eu ando a refletir muito sobre essas coisas e refletindo o porque eu nunca consigo completar um objetivo.. Para tudo tem uma resposta, mas até agora não sabemos qual é... E não pensa que é porque vc chegou nos trinta que vc tá ou aprendeu as coisas tarde, acho que nunca é tarde para aprendermos as coisas, afinal a vida é uma escola não é? Me desculpa por qualquer coisa ou falha, desculpa por não estar aqui sempre, mas vc sabe que quando precisar é só me chamar estou aqui para te ajudar e te ver feliz. Desculpa esse meu jeito meio "despreocupada" mas eu sinto que tenho me recolhido muito e não falado com as pessoas que eu amo.. um dia vou entender o porque disso que acontece comigo.. Um beijo e amo vc tá!

Cisca disse...

Olá minha querida! Quando eu estou assim mais desanimada, tens sempre uma palavra de incentivo e bom astral! E uma das coisas que me disseste foi que devíamos fazer exercício, ler alguma coisa diferente, realizar trabalhos manuais! Temos de nos distrair e animar! Se não o cabelo cai! ;) Bem sei que nem sempre é fácil e penso muitas das coisas que pensas, mas temos de nos manter "para cima"! Muita força e um beijinho enormeee!! Estamos sempre aqui!

Cisca

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