Phuket - O mito da ilha de sonho (Tailândia)




Todos os anos, Phuket recebe cerca de um milhão de visitantes, um volume considerável que faz desta ilha o principal destino turístico da Tailândia, agora cada vez mais ao alcance dos portugueses graças à campanha estival de voos charters. Na dúvida, descubra se é esta a ilha dos seus sonhos


Texto de João Miguel Simões/3P
Fotos de Paulo Esteves /B.C. IMAGENS-3P
  




Ir até Phuket deixou há muito de ser sinónimo de ir ao encontro de um paraíso perdido no Andaman, um mar de águas temperadas e muito transparentes devido à existência de bancos de coral, que fazia as delícias dos mochileiros nas décadas de 60 e 70. Hoje é o principal destino turístico da Tailândia e voltou-se sobretudo, com tudo o que isso tem de mau e bom, para o turismo de massas, o que tem provocado um certo desgaste das suas belezas naturais e um certo desvirtuamento das suas tradições, que têm sido ali quase que reduzidas a coisas-de-interesse-moderado-para-turista-ver.

Há, no entanto, uma Phuket alternativa, e ainda bastante apelativa (embora sem as praias de postal que aparecem na publicidade e que os agentes de viagens se esquecem de dizer que ficam nas ilhas à volta de Phuket e não lá), a dos resorts exclusivos e a dos que não se conformam com banalidades e resolvem pegar num carro para explorar a ilha como deve ser. Foi o que fizemos tendo por ponto de partida e chegada Patong, a principal estância turística da ilha, com uma baía em meia lua.


Maya Beach, em Phi Phi Ley, onde foi rodado o filme A Praia
É difícil dizer bem de Patong. É um verdadeiro prostíbulo a céu aberto (a alcunha de Pussy Corner é bem elucidativa), com especial incidência de travestis e transexuais, e um bazar de gosto duvidoso para quem gosta de fancaria e imitações baratas, o que tem acabado por atrair uma fauna turística muito sui generis. Só que, mesmo na costa ocidental de Phuket, a mais desenvolvida da ilha, é possível eleger praias mais familiares como Kamala, Surin e Pansea (esta última é a mais bonita, com incríveis formações rochosas a lembrar as Seychelles, e serve quase em exclusivo os hóspedes dos luxuosos hotéis Amanpuri e Chedi), que, por sua vez, são boas bases para se meter mais para o interior e dar uma volta por Wat Phra Thong (um conjunto de templos ainda habitados por monges e muito frequentado por locais, onde permanece um Buda semi-enterrado devido a uma lenda que ameaça de morte quem tentar desenterrá-lo e cujo aspecto dourado se deve às folhas de ouro que os devotos colam à sua imagem como oferendas); Thalang (onde ainda subsistem casas de madeira e plantações de borracha); o parque nacional Khao Phra Thaeo (com duas cataratas e um centro de reabilitação de gibões); o museu e o Monumento das Heroínas (fica no meio de uma estrada movimentada e presta homenagem às mulheres que “enxotaram” as tropas birmanesas de Phuket na Batalha de Thalang).

Deste ponto até à cidade de Phuket, já na parte Leste da ilha, não vai uma grande distância e sempre pode dar uma vista de olhos nos coloridos mercados locais (o mais conhecido fica na Ranong Rd. e é diário), no Wat Mogkol Nimit (um templo ricamente ornamentado e em cujas proximidades vai encontrar a Casa do Governador, um dos melhores exemplos do que resta do quarteirão de arquitectura sino-portuguesa, concentrado sobretudo no coração da cidade), ou ainda o templo chinês Bang Niew, um pouco estranho, mas um dos principais palcos do impressionante Festival Vegetariano que ocorre ali, todos os anos, em Outubro.

Para Sul fica ainda o templo mais frequentado da ilha, o de Chalong, e o cabo Phromthep, perto da praia Nai Harn, onde todos os dias se faz romaria para assistir ao pôr-do-sol. E já está de novo na costa ocidental, onde se alinham as praias de Kata e Karon antes de chegar de novo a Patong. São dois lugares agradáveis e de frequência mais familiar do que Patong, com todo o tipo de hotéis e restaurantes, mas nada que valha uma viagem de tantas horas a partir de Portugal.
A ilha 007

Tamala Beach
Vale, por isso, a pena aproveitar uma estada em Phuket para, a partir dali, rumar à descoberta de outros pontos fortes (mas não necessariamente menos explorados, fica desde já o aviso à navegação!) do mar de Andaman.

A primeira sugestão vai para um tour até à belíssima e impressionante Baía de Phangnga, uma viagem relativamente acessível que tem a grande vantagem de poder ser facilmente realizável num dia. À partida, este nome não deve dizer grande coisa a quem nunca lá foi, mas se lhe dissermos que foram ali rodadas, no já longínquo ano de 1974, algumas das cenas mais célebres do filme O Homem da Pistola Dourada, da série James Bond, o caso muda certamente de figura.

Templo Wat Phra Thong
É que a incrível ilha que servia de refúgio ao bandido Scaramanga (magistralmente interpretado por Christopher Lee) não era mais do que a Ko Khao Phing Kan (hoje mais conhecida por “ilha de James Bond”, claro está) e o insólito rochedo isolado em frente, onde se encontrava a arma secreta do vilão, não é outra senão Ko Tapoo (“ilha da unha”, devido à sua estranha forma), dois dos pontos mais visitados por quem se desloca a esta baía, que não desiludem quem ali chega mesmo depois de ter assistido recentemente a este clássico do cinema de aventuras (um dos privilégios dos tours mais luxuosos, que assim entretêm os passageiros na viagem de quase duas horas até à baía).


Restaurante e piscina do hotel Amanpuri
Seja como for, é bom que se diga que o interesse de toda esta área está longe de se esgotar nestas duas atracções, pois o que impressiona à chegada é a visão de imponentes maciços calcários totalmente rendilhados pela erosão causada pelo mar, atravessados por túneis e estreitos canais que conduzem a câmaras ocas (conhecidas por hongs, são verdadeiras grutas onde se encontram, muitas vezes, inscrições rupestres). Os barcos maiores não podem atravessar esses canais, daí que, para explorar convenientemente o interior da baía – e ver de perto os errantes fragmentos de formações calcárias que têm sido moldados pelo tempo e que deram origem a belos torreões e pináculos (como a mencionada “ilha da unha”) coroados por um manto verde

Rua na cidade de Phuket
–, seja necessário passar para lanchas mais pequenas ou até para kayacs. Aliás, estes últimos constituem, juntamente com os típicos barcos coloridos de pesca, uma das formas mais procuradas pelos amantes do ecoturismo para passarem vários dias a percorrer os segredos do que resta das montanhas Tenasserim (uma cordilheira que atravessava a Tailândia e a China), que incluem, mais para Leste, rios, mangues e inúmeras inscrições cabalísticas ainda por decifrar (um dos estudiosos do assunto tem sido o francês Jean Boulbete, que se intriga especialmente com as pinturas a ocre da gruta Laem Chao Le, um lugar onde nem sequer havia água potável, o que quer dizer que quem as pintou só pode ter ficado ali provisoriamente).

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